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segunda-feira, 28 de março de 2011

Dois lados

Sólido casco de intocável núcleo
sofre o golpe de quem não compreende
Adversário invisível, interno e imutável,
insaciável que mora no espírito alheio

E por mais que o corpo se lance, se canse, se alce
é de tal natureza que o tato não basta
não chega nem perto de cumprir a tarefa
de mapear as formas deste algoz arraigado

Busca então na palavra, melódica ou crua
a trilha que cruza os portões dos dois mundos
para que, assim, mutuamente desvendados
da batalha cruel se faça um tratado

Agora lhe resta concentrar seus esforços
para que possa captar os sinais obscuros
e tornando-os tangíveis através do seu canto
encerre a disputa entre o corpo e a alma

terça-feira, 22 de março de 2011

MusicalMente

Se for para ouvir a música, escuta inteira, toda ela, pois ela sou eu.
Desbrava todas as suas palavras, cores e acordes, e nunca, nunca sinta que a tarefa de decifrar o som está cumprida.
É assim, e somente assim, que posso ser conhecido.
Qualquer outro método esbarra na parede física do corpo que limita, que disfarça o sólido de real e nos impede de tocar aquilo que realmente é, que realmente importa.
Transcende o tato, tentador, porém finito, e busca nas ondas a essência inteira, a substância primeira que me é intrínseca e que se expande muito além das formas e membros, das normas e dos trejeitos que acorrentam tantos.
E mesmo que seja apenas por um segundo, sente a sua infinidade, extrapola as dimensões corriqueiras, cria novas maneiras, foge do que lhe parece seguro e respira essa nova atmosfera, que é feita de som e alma.
Se for para ouvir a música, escuta inteira...