Pesquisar este blog

sábado, 10 de setembro de 2011

Real

Gosto bom é o gosto de surpresa.
Naquela hora, ainda em transe, naquele lugar mágico e único que fica entre o mundo dos acordados e o dos adormecidos, aquela hora em que o corpo cambaleia incerto e o espírito ainda tenta sair da cama.
Essa hora é uma janela, é uma tela que não se apaga mais.
E aí o momento, de tanto que não pertence a realidade alguma, passa a ser a expressão máxima dos dois mundos.
É como um atalho para a alma, um portal que se abre sobre um instante, simples e despretensioso, ao ponto de ser eterno e irresistível.
É o momento em que a pele fica macia e a mente silencia, como nunca consegue fazer quando quer.
É o que basta, a sensação absoluta de estar no lugar certo. O conceito de infinito finalmente se explica, por si só.
É o gosto bom da espontaneidade. Sabor de vida.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Par

Se sou estranho, ela conhece
Se sou vento, ela conduz
Se sou dor, ela entorpece
Se sou código, traduz

Quando esqueço, ela é lembrança
Quando canto, ela é plateia
Quando brinco, ela é criança
Quando crio, é ideia

Se sou relapso, ela é firmeza
Se sou cansaço, é aconchego
Se sou medo, é fortaleza
Se sou tensão, é meu sossego

Quando sorrio, ela é reflexo
Quando perco, ela é abraço
Quando divago, acha nexo
Quando me ama, me refaço